sexta-feira, 25 de maio de 2012

           Palavras e Atitudes que Libertam

    Fui do inferno ao paraíso em poucas palavras. Uma atitude, era tudo que eu precisava para me libertar. Do rancor, da mágoa, da raiva, do desejo de vingança.. Da vontade imensa e quase incontrolável de ferir aqueles que me feriram. Uma atitude. Era tudo que eu precisava, pra voltar a ser eu mesma. Pra expulsar de dentro de mim, o monstro em que eu havia me transformado.
   Eu não era mais eu. A aparente "solidariedade" de algumas pessoas, que me apoiavam na direção de revidar o mal sofrido, ao invés de ajudar, só faziam crescer ainda mais todo aquele ódio. E aquele ódio, estava me corroendo por dentro. Estava acabando comigo. Eu já nem tinha mais consciência do quanto estava sendo cruel. (Nem estava tinha consciência da minha imensa capacidade de ser cruel.)
    Pensava na vingança antes de dormir. Pensava em como me vingar logo que acordava pela manhã. Meus momentos comigo mesma, tão raros hoje em dia, eram desperdiçados com planos milimetricamente traçados, meus planos de vingança. Eu não vivia mais pra mim. Vivia meus dias e noites em função de descobrir uma forma eficiente de fazer o mal. 
   Eu sempre soube que não era essa a coisa certa a fazer. Eu deveria perdoar. E não devia fazer isso apenas porque as orações que aprendi na infância me diziam para fazê-lo. Devia perdoar porque sempre acreditei, sinceramente, que esta sim, era a coisa certa a fazer. Tinha convicção disso. Mas não dependia só de mim.
    Eu precisava que o meu ofensor estivesse arrependido e quisesse ser perdoado. Precisava que ele pedisse por isso. Para que o meu perdão fosse dado com sinceridade. Então, depois de meses de espera, aconteceu o milagre...
    
    Segundo o dicionário da Língua Portuguesa, "Um milagre é um acontecimento dito extraordinário que, à luz dos sentidos e conhecimentos até então disponíveis, não possuindo explicação científica ainda conhecida, dá-se de forma a sugerir uma violação das leis naturais que regem os fenômenos ordinários." 

     Sim, aquilo foi um milagre. Como poderia, uma atitude tão simples, levar de dentro de mim tantas coisas ruins? Expulsar aquele monstro que tinha passado a viver na minha mente e no meu coração, e me trazer de volta à vida? Como poderia, uma atitude tão simples, causar tanto alívio, e de forma definitiva? (Sim, porque já faz uma semana que aconteceu, e mesmo que eu lembre em algum instante, das coisas ruins que aconteceram, elas não tem mais efeito sobre mim.)
     Eu tive a chance de perdoar. Aquele que teve a humildade e a coragem de me pedir perdão, também estava liberto, finalmente. Mas tenho certeza de que o alívio dele em nada pode ser comparado ao meu. Porque era a mim que o ódio estava destruindo, não a ele. Era a mim que o ressentimento estava consumindo, não a ele. Era a minha vida que estava estagnada, não a dele. Portanto, o meu ato de perdoar libertou muito mais a mim, do que a ele.
    E não foi algo fácil, como perdoar uma grosseria qualquer, ou uma falta de delicadeza. Foi algo difícil, como perdoar alguém que destruiu meus sonhos. Mas o alívio, a sensação de libertação, foi proporcional ao tamanho da dificuldade de perdoar.
    A sensação de poder voltar a viver, veio dar ainda mais crédito à minha crença natural de que perdoar liberta, não só a quem é perdoado, mas, principalmente, a quem perdoa...
    

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Cuidado...Perigo!

    Sempre pensei que não fosse capaz de sentir ódio de alguém. A palavra, por si só, me parecia pesada demais. Negativa demais.
    Sempre me perguntei por qual motivo existiam os crimes passionais, principalmente aqueles cometidos por pessoas como eu, a quem todos que conhecem, consideram "calmas".
    Recentemente, descobri que sou capaz, sim, de odiar. Conheci os "porões da minha alma". Dentro do meu próprio submundo, nada de autocontrole. Nada de tomar as rédeas da situação. Eu não controlava nada. Era controlada. Pela raiva, pelo ódio, pela vontade de ferir, tão forte e tão fundo quanto tinham me ferido.
    Mas a minha ferida era no sentimento. Causada por pessoas sem sentimento. Então, diante da frieza humana, do sarcasmo, da ironia, da arrogância...que poderia eu fazer? Como poderia ferir aquelas pessoas?
    Eu precisava revidar. A ignorância no trato comigo, nada ajudou. Apenas contribui para que tudo ficasse ainda mais obscuro, e para que a vontade de ferir ficasse ainda maior... Com pouquíssimas adaptações de cenário, pessoas presentes, e uma ou outra palavra a mais, eu teria ferido. Fisicamente. Era essa a única maneira de ferir. Eu, uma pessoa totalmente contra a violência, diante de uma situação em que eu teria ferido alguém de morte.
    O raciocínio era pouco ou nenhum. O instinto de revidar, de acabar com aquela dor insuportável de estar sendo humilhada, era o quem dava as cartas. Não, não feri ninguém. Estive muito perto, confesso. Mas não feri.
    Ocorre que algumas pessoas, não tem a força que eu tive para me conter. E acabam ferindo. Matando. Foi aí que compreendi que o ser humando, apesar de considerado "racional", pode sim, em determinadas situações, simplesmente abdicar do dom do raciocínio, e agir inteiramente pelo instinto. Como o homem das cavernas, talvez.
    Qual lição tirei disso? Bom, algumas. A primeira, é que nem sempre uma pessoa que mata alguém pode ser considerada essencialmente má. Ela pode ter sido instigada a reagir a algo que a estivesse machucando profundamente. Como eu fui. E não sou uma pessoa essencialmente má. Cultivo o respeito ao próximo, a solidariedade, a lealdade. Não sou uma pessoa ruim e tenho absoluta consciêcia disso. porém, naquele instante de privação do meu senso crítico, eu teria tido sim, coragem para um ato que qualquer pessoa, em sã consciência, reprovaria.  É praticamente impossível julgar os atos de alguém, sem que se tenha o mínimo conhecimento de causa.
    A segunda, e não menos importante lição que aprendi: jamais provoque alguém que esteja com raiva. Cuidado! Ninguém conhece realmente do que o outro é capaz, até que todos os seus limites sejam postos à prova. Aconselho apaziguar. Transferir a discussão para um momento em que os ânimos estejam mais calmos. Caso contrário, você pode se surpreender. De uma forma nada positiva...com consequências, talvez, irreversíveis.