segunda-feira, 10 de março de 2014

 A SALVAÇÃO DA ALMA

Todos correndo contra o tempo, 
Com sua rotina atribulada
Muitos passam e não percebem
Que lá esta ela.. a alma atormentada

A alma que sofre...a alma que chora....
Não há ninguém para ouvir seu clamor
A alma que pede..a alma que implora...
O mundo não responde...

Ela se deixa ali caída, despedaçada
Sente-se fraca... impotente...arrasada
A esperança, há muito se fora...
Sua morte, então, já era esperada

E eis que surge de repente, em meio à escuridão
Um anjo lindo, cheio de luz,  a estender-lhe a mão
“ Venha comigo, alma sofrida. Cuidarei do teu coração...
Não permito que te vás, pois ficaria sem chão...”

A alma, comovida, com tamanha devoção
Se deixa levar pelo anjo, através da escuridão
Logo que alcançam a luz, ela chora...
Ao perceber na verdade quem a  leva pela mão


Não é um anjo de fato,é alguém que ela conhece
Ouviu de longe seu clamor... 
E veio salvá-la, no ato
Seu amigo verdadeiro, que a distância não esquece


Abençoadas sejam as almas que tem amigos sinceros
Aqueles que nos sentem e nos ouvem,
Mesmo que seja através de uma prece
E abençoados sejam os amigos
Pois eles jamais nos esquecem...
Não importa o tempo nem distância...
Pois quando o laço é verdadeiro
A amizade permanece

terça-feira, 4 de março de 2014

   Sofia

  Tenho acompanhado de perto a tristeza profunda que meu nobre amigo Dilso tem compartilhado conosco nos últimos dias. Ele perdeu sua amiga, Sofia. As palavras dele me tocam o coração, me emocionam na essência, lá nas profundezas do meu eu. Não há como ler suas postagens e não me emocionar. Não há como não sofrer com ele e por ele.
  Então, alguém me pergunta: " Mas tudo isso, toda essa tristeza, só por causa de uma gata? Se fosse alguém da família, uma pessoa, eu até entenderia..."
  Dilso, como que adivinhando a pergunta que me fizeram, escreveu: "Sofia não era um gato, apenas se vestia como um: Era minha amiga." 
  Como explicar às pessoas que não é preciso, necessariamente, falarmos a mesma língua, o mesmo idioma, para nos comunicarmos? Quando se trata de sentimento, basta um olhar. Basta uma atitude, um gesto. Basta chegar mais perto, aninhar-se no colo. "Vá em frente, estou aqui contigo, te fazendo companhia", exatamente como fazia a Sofia. Estava feita a comunicação. Ela não precisava falar. 
  Quantos humanos são capazes de se doar e de marcar a existência de alguém da forma que Sofia marcou a vida do Dilso? Um cão marcou minha existência, de uma forma que jamais vou poder esquecer. Conheço um rapaz cuja existência foi marcada por uma vaca de estimação. Conheço outra pessoa que encontrou um grande amigo de infância na figura de um galo garnizé. Alguém pra julgar tais aberrações? Certo que há. Porque algumas pessoas simplesmente não alcançam o real significado do amor. Não sabem que o amor é tão sublime que transcende toda e qualquer "lógica humana". O amor desconhece preconceitos. Não respeita convenções. Ele simplesmente une os seres com um laço profundo de afeto, algo realmente difícil de expressar. Mas o Dilso, que é poeta, consegue. 
  Posso visualizar as lágrimas escorrendo pela sua face, posso sentir o aperto no peito, a dor do vazio e da saudade, a dolorosa expectativa de vê-la novamente entrando em casa. Posso visualizar e sentir tudo isso, porque ele consegue expressar sua dor de uma forma que jamais vi alguém fazer. Porque, assim como Sofia, ele é um ser muito especial. Ele é muito mais humano do que a esmagadora maioria dos humanos que conheço. Talvez por isso, a dor que ele sente seja ainda mais intensa.

        Dilso,
    Tenha em mente, meu amigo, que assim como há muitos que não compreendem teus sentimentos, há também um rio de pessoas que sabe exatamente o que vai no teu coração neste momento. E estas muitas pessoas, que fogem a certos padrões impostos pela "lógica humana", se emocionam e sofrem contigo, e estão solidárias a ti. Segue compartilhando tua dor conosco, seguiremos também a te dar forças, te incentivando a superar teu sofrimento. Reitero aqui minhas próprias palavras, que já te disse em outro momento:  

" A melhor forma de dizer adeus é esta, mesmo. Sentir a dor, com todas as forças do teu ser, e exteriorizá-la. Chorar todas as lágrimas que forem necessárias. Deixar doer...sentir...viver o teu sentimento com a mesma intensidade que ele se apresenta pra ti. Um dia, as lágrimas vão secar. A dor, vai amenizar. E teu coração vai voltar a se alegrar com as lembranças de Sofia..."
        
        Nada nem ninguém poderá substituir a Sofia. Porque seres especiais assim, são insubstituíveis. Mas, da mesma a forma, nada nem ninguém poderá tirar de ti os momentos, as lembranças, e nem os sentimentos. São tesouros apenas teus. Ela te escolheu. Porque sabia que tu faria por merecer. Lembra-te sempre disso.