sábado, 24 de novembro de 2012

As coisas acontecem como tem que acontecer


    Quem jamais se viu diante de uma situação em que tudo parece acontecer ao contrário do que deveria? Às vezes são coisas banais. Outras vezes, coisas maiores e mais sérias, como um emprego que não dá certo ou uma relação que se desfaz de maneira inesperada...
    No decorrer da vida aprendi que é preciso, sim, lutar pelos nossos objetivos. Porém, aprendi também que é preciso saber esperar. Ter paciência. Não me refiro a permanecer inerte, esperando que as coisas aconteçam por si, uma vez que desta forma é possível perdermos grandes oportunidades de realizarmos algo. Me refiro a lutar até que se desmanche a última gota de suor e então...sentar e esperar que os resultados se apresentem. Sem angústias. Sem a tal ansiedade, que tanto nos faz mal.
   De nada adianta movermos céus e terras para que algo se concretize, se não for a hora certa de acontecer. Lutamos, torcemos, rezamos. Fazemos nossa parte. E às vezes, não é suficiente. Em outros tempos, eu me desesperaria se algo que planejei não funcionasse. Hoje, aprendi que é preciso saber lidar com as situações, mesmo quando elas parecem injustas. Porque existem coisas que fogem à logica, não respeitam nossos planos e simplesmente não temos controle nenhum sobre elas.
    Num primeiro momento, parece que tudo deu errado. Mas no futuro, invariavelmente, acabamos por descobrir que lucramos algo valioso com aquilo que parecia totalmente errado. O sofrimento do instante em que as coisas aparentemente negativas se apresentam diante de nós, não permite que julguemos com a frieza necessária. Além disso, apenas com o passar do tempo é que vamos colher os resultados de tal acontecimento. Acabaremos, todos, por dizer algo como: " se não tivesse me acontecido tal coisa em tal momento, eu não seria o que sou hoje..."
    As experiências que vivemos no decorrer da vida, inclusive (e principalmente) as negativas, acabam por ser as peças que, unidas, formam esta imensa colcha de retalhos que é a nossa existência. Não há como viver sem elas.

sábado, 14 de julho de 2012

A vida por um fio...

Dirigir faz parte da minha vida, do meu cotidiano. São dezenas de quilômetros diários a caminho ou na volta do trabalho. Não há um único dia na semana em que eu não precise viajar. 
Pra mim, sempre foi prazeroso, principalmente quando viajo de moto. Tenho com a minha moto uma conexão que jamais tive com carro algum. Nós duas somos uma, e tudo flui de maneira perfeita.
Apesar de ouvir, quase que diariamente, relatos trágicos (cada vez mais comuns) de acidentes fatais no trânsito, não sinto medo. Sou uma condutora responsável, não consumo álcool, respeito SEMPRE a sinalização e não faço ultrapassagens perigosas. Se estiver no limite do tempo, prefiro chegar atrasada a arriscar a vida. A minha, e a de outros usuários das rodovias.

Mas existe algo que tem me chamado a atenção ultimamente. Minha vida tem sido corrida, tenho dormido pouco. E não são raras as vezes em que o sono me embriaga, literalmente. Como se meus reflexos estivessem alterados, exatamente como ficaram nas poucas vezes na vida em que bebi de fato. 

Além da alteração nos reflexos, existe aquele instante, quando estou profundamente cansada, em que o cérebro simplesmente "apaga" por alguns décimos de segundo. Já tive esta experiência várias vezes nos últimos meses. Por sorte, o pânico que se instala em mim, quando me dou conta do que poderia ter acontecido naquele instante, me mantém alerta por mais um tempo. Às vezes, o tempo suficiente para chegar em casa em segurança.

O medo de ser vencida pelo sono e cair ali mesmo, no meio da estrada, já me fez tomar algumas atitudes extremas. A que considero mais inusitada, foi ter parado a moto ainda no início do trajeto Rio Pardo-Santa Cruz, em uma noite chuvosa e fria e tirar a roupa de chuva. Sim, andei uns 25Km debaixo de frio e chuva, apenas para me manter alerta. O frio é uma condição que me incomoda muito. E, por não estar nem um pouco confortável, não tinha um "cenário" adequado para me entregar ao sono. Naquela noite, cheguei em casa congelada, molhada, mas viva.

Não considero exagero algum falar sobre vida e morte. Pois o sono pode matar. Principalmente quando se trata de motoristas ou de pessoas que trabalhem com máquinas que ofereçam perigo aos operadores, caso não estejam plenamente alertas. E é esta consciência que me faz refletir sobre o quanto capaz eu sou de dirigir hoje, ou do quanto é necessário que eu durma ao menos uma ou duas horas, antes de seguir adiante. Muitos motoristas de caminhão, flagrados pela polícia rodoviária "costurando" na pista, e com sinais claros de embriaguez, nada apresentam no resultado do exame do bafômetro. Simplesmente porque realmente não consumiram álcool. Estão apenas "bêbados" de sono.Na ânsia de cumprirem seus prazos absurdos de entrega estipulados pelas empresas às quais prestam contas, põem sua própria vida e a de outras pessoas em risco.

Nestas minhas longas reflexões, pude concluir que de nada me adianta ser responsável com relação à sinalização e às leis do trânsito, se não sou responsável quanto a minha capacidade física e mental de conduzir um veículo. De nada me adianta ser responsável com relação a não consumir álcool antes de dirigir, se não dou a devida atenção às minhas necessidades de dormir o mínimo necessário.

Uma ou duas horas de sono. Pode ser a diferença entre viver ou morrer. Já vivi meus alertas com relação a isso. E não pretendo mais me descuidar.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

           Palavras e Atitudes que Libertam

    Fui do inferno ao paraíso em poucas palavras. Uma atitude, era tudo que eu precisava para me libertar. Do rancor, da mágoa, da raiva, do desejo de vingança.. Da vontade imensa e quase incontrolável de ferir aqueles que me feriram. Uma atitude. Era tudo que eu precisava, pra voltar a ser eu mesma. Pra expulsar de dentro de mim, o monstro em que eu havia me transformado.
   Eu não era mais eu. A aparente "solidariedade" de algumas pessoas, que me apoiavam na direção de revidar o mal sofrido, ao invés de ajudar, só faziam crescer ainda mais todo aquele ódio. E aquele ódio, estava me corroendo por dentro. Estava acabando comigo. Eu já nem tinha mais consciência do quanto estava sendo cruel. (Nem estava tinha consciência da minha imensa capacidade de ser cruel.)
    Pensava na vingança antes de dormir. Pensava em como me vingar logo que acordava pela manhã. Meus momentos comigo mesma, tão raros hoje em dia, eram desperdiçados com planos milimetricamente traçados, meus planos de vingança. Eu não vivia mais pra mim. Vivia meus dias e noites em função de descobrir uma forma eficiente de fazer o mal. 
   Eu sempre soube que não era essa a coisa certa a fazer. Eu deveria perdoar. E não devia fazer isso apenas porque as orações que aprendi na infância me diziam para fazê-lo. Devia perdoar porque sempre acreditei, sinceramente, que esta sim, era a coisa certa a fazer. Tinha convicção disso. Mas não dependia só de mim.
    Eu precisava que o meu ofensor estivesse arrependido e quisesse ser perdoado. Precisava que ele pedisse por isso. Para que o meu perdão fosse dado com sinceridade. Então, depois de meses de espera, aconteceu o milagre...
    
    Segundo o dicionário da Língua Portuguesa, "Um milagre é um acontecimento dito extraordinário que, à luz dos sentidos e conhecimentos até então disponíveis, não possuindo explicação científica ainda conhecida, dá-se de forma a sugerir uma violação das leis naturais que regem os fenômenos ordinários." 

     Sim, aquilo foi um milagre. Como poderia, uma atitude tão simples, levar de dentro de mim tantas coisas ruins? Expulsar aquele monstro que tinha passado a viver na minha mente e no meu coração, e me trazer de volta à vida? Como poderia, uma atitude tão simples, causar tanto alívio, e de forma definitiva? (Sim, porque já faz uma semana que aconteceu, e mesmo que eu lembre em algum instante, das coisas ruins que aconteceram, elas não tem mais efeito sobre mim.)
     Eu tive a chance de perdoar. Aquele que teve a humildade e a coragem de me pedir perdão, também estava liberto, finalmente. Mas tenho certeza de que o alívio dele em nada pode ser comparado ao meu. Porque era a mim que o ódio estava destruindo, não a ele. Era a mim que o ressentimento estava consumindo, não a ele. Era a minha vida que estava estagnada, não a dele. Portanto, o meu ato de perdoar libertou muito mais a mim, do que a ele.
    E não foi algo fácil, como perdoar uma grosseria qualquer, ou uma falta de delicadeza. Foi algo difícil, como perdoar alguém que destruiu meus sonhos. Mas o alívio, a sensação de libertação, foi proporcional ao tamanho da dificuldade de perdoar.
    A sensação de poder voltar a viver, veio dar ainda mais crédito à minha crença natural de que perdoar liberta, não só a quem é perdoado, mas, principalmente, a quem perdoa...
    

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Cuidado...Perigo!

    Sempre pensei que não fosse capaz de sentir ódio de alguém. A palavra, por si só, me parecia pesada demais. Negativa demais.
    Sempre me perguntei por qual motivo existiam os crimes passionais, principalmente aqueles cometidos por pessoas como eu, a quem todos que conhecem, consideram "calmas".
    Recentemente, descobri que sou capaz, sim, de odiar. Conheci os "porões da minha alma". Dentro do meu próprio submundo, nada de autocontrole. Nada de tomar as rédeas da situação. Eu não controlava nada. Era controlada. Pela raiva, pelo ódio, pela vontade de ferir, tão forte e tão fundo quanto tinham me ferido.
    Mas a minha ferida era no sentimento. Causada por pessoas sem sentimento. Então, diante da frieza humana, do sarcasmo, da ironia, da arrogância...que poderia eu fazer? Como poderia ferir aquelas pessoas?
    Eu precisava revidar. A ignorância no trato comigo, nada ajudou. Apenas contribui para que tudo ficasse ainda mais obscuro, e para que a vontade de ferir ficasse ainda maior... Com pouquíssimas adaptações de cenário, pessoas presentes, e uma ou outra palavra a mais, eu teria ferido. Fisicamente. Era essa a única maneira de ferir. Eu, uma pessoa totalmente contra a violência, diante de uma situação em que eu teria ferido alguém de morte.
    O raciocínio era pouco ou nenhum. O instinto de revidar, de acabar com aquela dor insuportável de estar sendo humilhada, era o quem dava as cartas. Não, não feri ninguém. Estive muito perto, confesso. Mas não feri.
    Ocorre que algumas pessoas, não tem a força que eu tive para me conter. E acabam ferindo. Matando. Foi aí que compreendi que o ser humando, apesar de considerado "racional", pode sim, em determinadas situações, simplesmente abdicar do dom do raciocínio, e agir inteiramente pelo instinto. Como o homem das cavernas, talvez.
    Qual lição tirei disso? Bom, algumas. A primeira, é que nem sempre uma pessoa que mata alguém pode ser considerada essencialmente má. Ela pode ter sido instigada a reagir a algo que a estivesse machucando profundamente. Como eu fui. E não sou uma pessoa essencialmente má. Cultivo o respeito ao próximo, a solidariedade, a lealdade. Não sou uma pessoa ruim e tenho absoluta consciêcia disso. porém, naquele instante de privação do meu senso crítico, eu teria tido sim, coragem para um ato que qualquer pessoa, em sã consciência, reprovaria.  É praticamente impossível julgar os atos de alguém, sem que se tenha o mínimo conhecimento de causa.
    A segunda, e não menos importante lição que aprendi: jamais provoque alguém que esteja com raiva. Cuidado! Ninguém conhece realmente do que o outro é capaz, até que todos os seus limites sejam postos à prova. Aconselho apaziguar. Transferir a discussão para um momento em que os ânimos estejam mais calmos. Caso contrário, você pode se surpreender. De uma forma nada positiva...com consequências, talvez, irreversíveis.