quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

 Para Minha Dinda, a Guria Mais Bonita do Meu Mundo


Há exatos 4 anos, na manhã de hoje, eu soube da tua partida, faltou o ar. Faltou o chão. Dor? Parecia que eu nem sabia o que era, até aquele momento.. É inevitável recordar, durante todo o dia de hoje a dor de te ver imóvel e sem vida. Segurar tua mão geladinha foi a coisa mais dolorosa que já fiz em toda minha vida., Já não era possível te abraçar, ouvir tua voz, nem ver mais um único sorriso teu. Não haveria mais encontros, conversas, chamadas no celular. Deu um pânico enorme, uma sensação de vazio e desamparo. Uma tristeza sem fim.. Mas faz 4 anos que tu é lembrada diariamente..

Não existe forma de lembrar de ti sem emoção. E as lembranças vêm nas mais variadas formas.. alguma música, algum cheiro, algum sabor... Aquela comida que tu fazia com gosto, uma bolinha de miolo de pão, a caneca de café com a tua foto. Recordo, às vezes, o ondulado das tuas unhas, que eu costumava acariciar enquanto segurava teu indicador pra dormir. Teu olhar...  

No canil onde eu trabalho, de vez em quando eu penso comigo: " A Dinda ia dizer que esse cachorro aqui é cor de rosa" Nessas horas, um sorriso é inevitável. Porque te recordo falando e sorrindo.

Tenho a impressão de que, não importa quanto tempo se passe, tua presença jamais vai diminuir. E aquela sensação de perda tão profunda e tão dolorosa, foi dando lugar a um sentimento maior que tudo: GRATIDÃO. De tanto te lembrar e ao mesmo tempo te sentir aqui, comigo, acabei percebendo quão abençoada eu sou, por ter tido a chance de te viver.

Não importa o quanto eu tente expressar, ninguém jamais será capaz de compreender a tua magnitude e a importância que tu tem pra mim. Sempre teve. Sempre terá. Nossa história é só nossa, nossos sentimentos são só nossos. Nossas canções, nossas chamadas telefônicas, desde aquelas à cobrar, nos orelhões da CRT, até as do celular, são somente nossas. "Só liguei pra dizer que TE Amo"... É uma bênção poder lembrar tantas coisas boas vividas contigo.

Aprendi que teu legado jamais morrerá. Carrego comigo tua serenidade, tua generosidade, e tento ao máximo ser como tu, meu exemplo de vida. Hoje posso ouvir tua voz, ver teu sorriso e o teu olhar. Nos meus sonhos, posso te abraçar com força (o abraço mais aconchegante do mundo) e mexer no teu cabelo, segurar tua mão, sentir teu cheiro...

A cada tombo da vida, te ouço dizendo: "Ainda não terminou. Levanta e vai de novo!" E a cada vez que te recordo, agradeço a Deus, por tudo aquilo que tive a honra  e o privilégio de viver contigo. Enquanto eu viver, tu vai seguir sendo AMADA e LEMBRADA com imensa SAUDADE e profunda GRATIDÃO.

Tenho certeza absoluta de que o céu tem mais luz, sorrisos e flores, porque tu está presente. Um dia, vou aí te encontrar. Te amo muito. Pra todo sempre. Obrigada por tudo. 


Abraço apertado, cheio de saudade!

domingo, 22 de setembro de 2019

O que posso fazer pela minha Escola EETCS?

A frase mais famosa de John Kennedy tem ecoado na minha mente durante as últimas semanas: “Não pergunte o que seu país pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer por seu país.” Na verdade, tenho me perguntado o que eu posso fazer pela minha escola. EETCS. Que fez e faz tanto por mim. Tenho me perguntado de que forma posso retribuir...

Há alguns meses venho pensando em uma forma de unir as pessoas que queiram fazer algo de muito bom. Unir energias, esforços e realizar pequenas ações que, somadas, pudessem resultar em algo grandioso. Porque no ano em que completa seus 50 anos de existência, nossa Escola Técnica certamente merece um presente assim.

São inegáveis as dificuldades que cercam a educação pública. Tenho visto muitas pessoas desmotivadas, que já não acreditam que o cenário possa ter qualquer evolução positiva. Nossos recursos financeiros são escassos, não há dúvidas. Mas nossos recursos humanos são infindáveis...e nestes, eu ainda tenho fé. E muita!

Somos a única Escola Técnica da região que oferece os cursos técnicos de forma gratuita. A cada semestre, formamos excelentes técnicos em mecânica, metalurgia e segurança do trabalho. Sim. Nossa escola proporciona a muitas pessoas não apenas uma qualificação profissional, mas a vontade de ir além. Muitos dos nossos alunos se formam com um novo olhar pra própria vida, vislumbram todo um horizonte de novas possibilidades. Se sentem capazes de buscar e vencer novos desafios.

Além disso, o Ensino Médio oferecido pela nossa Escola, é reconhecido em toda a comunidade pela capacidade de prover ensino de qualidade aos seus estudantes.

E acredite, não há nada mais gratificante do que, de tempos em tempos, receber notícias de ex alunos que conseguiram obter êxito nas profissões que escolheram. Nos faz sentir orgulho. Nos faz esquecer todas as dificuldades que nós, professores, temos nos dias de hoje. Dificuldades estas, do conhecimento de todos, mas que não terão espaço neste desabafo. Porque não vim falar de mim, nem das minhas dificuldades pessoais que, aliás, também são do conhecimento de muitos. Não. Porque eu tenho me perguntado o que eu posso fazer pela minha escola, e não o que MAIS a minha escola pode fazer por mim.

Existe um projeto. Bem aqui, dentro da minha mente. Que tem sugado minhas energias, visto que eu não tenha a menor ideia de como concretizar. Uma espécie de quebra-cabeças, que ocupa cada segundo disponível que eu tenha pra pensar. Enquanto minha razão me alerta para o fato de que esse projeto já me causou quase mais frustração do que eu posso suportar, meu coração se nega a engavetar, pois ainda crê que é possível sim, se eu for capaz de unir muitas pessoas no mesmo objetivo. 
         
Três anos atrás, me chamou a atenção uma casinha de madeira, aparentemente recém construída, que estava sem pintura e sofrendo com as constantes chuvas daquelas semanas. Depois de dias a observá-la, a caminho do trabalho, decidi que iria pintá-la. Como? Não fazia ideia. Pois não possuía recursos pra isso, e sequer conhecia os moradores. Depois de conversar com amigos mais próximos, e de terem me apoiado, por mais estranho que aquilo pudesse parecer, decidi criar coragem e bater naquela porta. Como eu suspeitava, a família que lá vivia não dispunha dos recursos pra realizar a pintura: em pouco tempo as intempéries iriam comprometer a estrutura da casa. Com o consentimento e imensa gratidão antecipada dos moradores, iniciei a divulgação do caso e a busca por ajuda.  

Ao lançar a ideia (no mínimo, inusitada), me deparei com as mais variadas reações. Alguns foram céticos, outros questionaram. Houve quem julgasse um absurdo e outros que preferiram ignorar. Mas não me frustrei, de forma alguma. Pois foram muitos os que abraçaram a causa e se dispuseram a ajudar. Das mais variadas formas. Alguns doaram os poucos reais que podiam para a compra das tintas e pincéis e cerca de 10 pessoas participaram pessoalmente daquele ato solidário. Enquanto uns pintavam, outros iam cuidando do almoço. Aquela família recebeu de um grupo de pessoas estranhas a possibilidade de preservar a durabilidade das paredes de sua casa e um delicioso churrasco de domingo. Estávamos todos juntos, como uma grande família.

E por que aquela casa? Por que aquela família? Não faço a menor ideia. Foi só uma boa ação, possibilitada pela união de muitas pessoas, e que surgiu de uma vontade imensa, para a qual jamais encontrei explicação. Gratidão, foi o que senti. E pude ver o mesmo sentimento no semblante de cada um que pôde fazer parte daquilo.

Por que isso me vem à mente neste momento? Porque recentemente, um amigo muito querido me disse: “Não desiste do projeto! Lembra quando tu quis pintar uma casa? E não sabia exatamente como fazer? Tu, sozinha, não conseguiria. Eu passo por lá todos os dias, vejo ela pintada e lembro do que a união das pessoas é capaz de fazer. Se tu conseguiu fazer pela casa, é possível fazer pela escola.”

O projeto de captar e reutilizar a água das chuvas para fins não potáveis surgiu em uma aula em que a ideia era estimular meus alunos a criarem projetos de sustentabilidade para a nossa Mostra Técnica EETCS, que acontece em Novembro.

Por que não criar um projeto e colocá-lo em prática? É por não dispormos de recursos financeiros? É porque vai ser difícil e dar muito trabalho? Ou será porque não é o meu trabalho e portanto não vou receber nada por isso? Será utópico? Será inútil?

Já ouvi muitos comentários frustrantes. Mas simplesmente me nego a aceitar. Assim como a casa a ser pintada, este projeto é uma meta que não será engavetada. Enquanto houver uma esperança, sigo na luta. E convido a todos que em algum momento da vida tiveram o privilégio de fazer parte da família EETCS a colaborarem, da forma que puderem, para que este projeto se torne realidade.

E se os alunos que fizeram parte destes 50 anos de história decidissem se somar nesta luta? E se conseguíssemos a atenção do prefeito? Do governador? E se conseguíssemos parceria com alguma empresa? E se...?

Se todas as possibilidades acima fossem alcançadas, este projeto passaria de utópico a real, muito rapidamente. E a nossa Escola Técnica passaria a ter os reservatórios pra reaproveitarmos a água das chuvas. E o laguinho com os peixes. E a roda d’água no formato da nossa logomarca. Com luzes de led, para que à noite possa ser possível visualizar de longe o brilho que a nossa Escola tem. Exatamente como na minha mente. E no meu coração.

Eu posso simplesmente me sentar e lamentar as dificuldades que nos cercam? Claro que posso! Mas também posso me levantar e, com as poucas forças que me restam, sair em busca de ajuda pra tentar melhorar as coisas.

E eu escolho sair da minha zona de (des)conforto e ir em busca de mais pessoas que estejam dispostas a agir contra todas as probabilidades, em nome de algo muito maior, que possa se tornar benefício para toda uma comunidade escolar. Não só em termos econômicos, mas também como um grande ato de educação ambiental e exemplo real de sustentabilidade. E um presente de Aniversário de 50 anos para esta escola que já deu a tantos a possibilidade de uma vida melhor.

Sim. Eu ainda acredito. E fica a pergunta:

Será que alguém mais acredita?
                                                                         

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Aos Meus Dindos Queridos

Pra Minha Dinda Amada

“Faz um ano que o telefone não toca. Faz um ano que não ouço a tua voz. Faz um ano inteiro que não te conto novidades. E olha que foi um ano intenso... Teve sorrisos e teve lágrimas, com a mesma intensidade. Teve amor que nasceu e não vingou, teve vitórias e derrotas. Levei tombo feio...mas consegui me reerguer, exatamente como tu me ensinou a fazer. Começar de novo...sempre.
Te imaginar olhando por cada um de nós, sentadinha como a Nita, numa cadeira de balanço, tomando um chima e rodeada de flores lindas e perfumadas, de certa forma me conforta. Consigo ver vocês três, juntas. Tu, a Nita e a Traudi. Lindas, saudáveis e sorridentes. Com aquele olhar cheio de ternura, que sempre tiveram. E nestas imagens bonitas, sempre paro no teu sorriso e nos teus olhos cor de mel, que jamais vi iguais...
Imaginar que não preciso do celular pra que tu saiba exatamente o que se passa comigo, o quanto te amo e sinto tua falta, é também uma maneira de acreditar que tu está viva e bem. E isso me conforta. Te vejo sorrindo e ouço teu “oi” todos os dias. Viva na minha memória, viva no meu coração. Por isso, vou seguir sempre comemorando teus aniversários, a cada 23 de maio. Vou seguir te enviando flores, esteja onde estiver.
E o dia de hoje, cheio de lembranças doloridas, marca não apenas o primeiro ano da tua ausência física, mas também tua presença eterna em nossos corações. Amor e gratidão eternos a ti, minha Guria Bonita. Te Amo Pra todo Sempre E um dia, tenho certeza, vamos nos ver de novo.”

Pro Meu Dindo Amado

“Por mais que a ausência da Guria Bonita possa nos doer fundo na alma, duvido que qualquer um de nós tenha sentido mais a partida dela do que tu. Porque o teu contato era diário, 24h por dia. O vazio que ficou em ti certamente foi o maior. Há exatamente um ano, a maior preocupação de todos a tua volta, ainda chocados com a notícia da partida, era contigo e com a maneira com que tu reagiria dali pra frente, sem a tua companheira de quase 50 anos.
Vocês se casaram e viveram unidos, pra tudo, até que a morte os separou. E não tenho uma só lembrança, em uma vida inteira de convivência, em que tu não a tivesse tratado com amor, carinho e respeito. Vocês foram sempre um pelo outro, e tu honrou teu casamento até o fim.

Eu temia profundamente que tu não suportasse a solidão, o silêncio da casa, o vazio... E eis que Deus te presenteou com um novo amor no coração. Pra que tu seguisse vivendo, sorrindo, sonhando... Por toda uma vida de honra ao teu matrimônio, não tenha dúvidas: sou feliz por tu estar feliz. Tu merece muito esse novo amor. E tenho certeza que a Dinda, de onde estiver, quer te ver assim, sorrindo. Com o coração cheio de esperança e com planos pro futuro. Que Deus te abençoe sempre. Te amo muito!”

sábado, 25 de junho de 2016

Vivenciando a Empatia...




        Sabe quando a gente veste a armadura e põe um sorriso no rosto diante de uma situação adversa, pra não deixar transparecer o que realmente se está sentindo? Pois é... existem pessoas que conseguem transpor essas barreiras e ver através de nós. Quando a Empatia acontece, essas pessoas nos sentem, nos percebem e simplesmente se conectam...
         
        Não tenho o hábito de reclamar da vida. Travo minhas batalhas pessoais com todas as forças que possuo e tento lidar com as adversidades da melhor maneira possível. Visto que minhas batalhas sejam pessoais, evito compartilhar minhas angústias. Não por querer parecer uma eterna vitoriosa mas porque, na maioria das vezes, além de não estar acrescentando nada de bom àqueles que me rodeiam, ainda os deixaria preocupados, caso não houvesse nada que pudessem fazer pra ajudar. Muito mais fácil me perceber quando estou feliz, pois acredito que as energias boas devem ser compartilhadas sempre.

        
          Há alguns anos, alguém me disse que eu precisava aprender a pedir ajuda. Que guardar tudo pra mim e tentar ser auto-suficiente, era ser orgulhosa e também uma forma de ser egoísta, já que existiam muitas pessoas ao meu redor dispostas a ajudar. E, agindo assim, eu negava a elas essa possibilidade. Doeu ouvir aquilo. Principalmente porque parecia ser verdade...

         Refleti sobre o assunto por um tempo, e me esforcei pra mudar. Me faltava humildade pra pedir ajuda, segundo minha amiga. Até evoluí um pouquinho e consegui fazer alguns pedidos. Mas minhas atitudes são pautadas naquilo em que acredito. E por acreditar que guardar minhas angústias só pra mim, na maioria das vezes, era a coisa certa a fazer, segui agindo assim.

      Porém, o Universo tem conspirado e tem me feito aprender grandes lições... A vida se desenhou de tal forma que, mesmo que eu não compartilhe minhas angústias, elas são percebidas. Mesmo que eu não peça ajuda, ela me é oferecida. Porque me vejo inserida em meio a pessoas profundamente empáticas... Seres de luz, que conseguem ver muito além daquilo que eu ousaria mostrar. Pessoas que simplesmente se conectam e me abraçam... Não são raras as vezes em que choram comigo.

          E quando estes momentos acontecem, me tocam a alma, me enternecem o coração... Meu ser explode em uma sensação que demorei a compreender, mas que hoje já posso expressar em uma única palavra: Gratidão. 

         As lágrimas já não são pela angústia que eu estava vivendo, pois nesses momentos mágicos, qualquer coisa ruim se torna pequena. As lágrimas simplesmente expressam a profunda gratidão que estou sentindo, por ter pessoas tão especiais à minha volta. 

        P. S.: Se me vir chorando, por favor, não pergunte o que aconteceu. Provavelmente, não conseguirei emitir uma única palavra. Caso haja empatia e a conexão se estabeleça, um abraço será mais do que suficiente...












sábado, 21 de novembro de 2015


Na Sala de Entrevista

    Poderia ter sido apenas mais uma entrevista de trabalho, como tantas outras.
Porém, eu jamais havia sido confrontada com uma psicóloga antes. E não fazia a menor ideia do quão profunda e avassaladora seria aquela experiência e do que ela significaria na minha vida a partir de então.

    E a entrevista começa: "Hoje quero saber de ti. Da tua vida. Desde o teu nascimento até este momento aqui. Fica à vontade, segue teu ritmo." E as perguntas foram surgindo, cada vez mais profundas...

    Conforme ia avançando na minha narrativa de vida, um nó se formava em minha garganta. Às vezes, engasgava. Às vezes, a voz sumia. Avisei que pularia algumas partes, pois sabia que não aguentaria. Mas a tentativa de manter o controle da situação foi completamente em vão...

    Essa tentativa frustrada de evitar as partes emotivas por insegurança,  me fez lembrar minha primeira  aula de direção da auto-escola. Quando avistei adiante de mim, justamente no trajeto que meu instrutor me indicava pra seguir, uma subida imensa, me neguei a seguir suas ordens e decidi por outro trajeto, por conta. Questionada a respeito, expliquei a ele que tinha um medo extremo de aclives muito acentuados. Que já tivera muitos pesadelos nos quais eu perdia o controle do carro, que descia desgovernado rua abaixo...

    Bastante compreensivo, ele disse que "tudo bem". Me senti mais segura e continuamos andando. Porém, poucos minutos mais tarde, me vi diante de um  aclive muitíssimo pior que o anterior e de maneira que não havia absolutamente nenhuma outra saída, a não ser subir. Entrei em pânico. O instrutor, do alto de sua calma inabalável, apenas insistiu que eu seguisse em frente e que confiasse no trabalho dele. E muito pior que me obrigar a  subir... foi solicitar que eu parasse no ponto mais íngreme. Desta vez, já me sentindo um tanto intimidada, obedeci. Na sequência, como que por encanto, seguindo rigorosamente suas instruções, consegui arrancar com o carro, sem que esse corresse um centímetro sequer para trás. Fui pra casa feliz naquele dia, pois eu havia sido confrontada com um grande medo meu e, mesmo com alguma dificuldade, conseguira vencer. Graças à habilidade dele ao insistir em promover o confronto que eu havia tentado burlar com tanto esforço.

    Durante a entrevista, conforme iam surgindo as perguntas, eu ia abrindo as gavetinhas, há muito tempo guardadas em minha memória. Eu ia lembrando...e narrando... Lembrava de palavras, lembrava de pessoas, lembrava de acontecimentos... e uma dor imensa que já me parecia esquecida, morta e enterrada...tornou a mim como se eu estivesse vivendo tudo outra vez.. Não tardou para que as lágrimas rolassem e para que os soluços interrompessem minha fala, cada vez com mais frequência. Minha interlocutora gentilmente me ofereceu uma boa quantidade de lencinhos e me incentivou a continuar. Todo e qualquer controle que eu achava que tinha sobre meu imenso armário de gavetas abandonadas...simplesmente ruiu.

    Agora, minha narrativa já era um barco à deriva. Acabei me deixando levar por toda aquela emoção que há muito eu julgara morta. Entretanto, naquele momento, renascia ela. E com uma força estrondosa...absolutamente indomável.

    Me vi despida de toda e qualquer defesa. Todos os meus medos expostos, todas as minhas dores, todas as minhas mágoas, todas as minhas fraquezas. O meu "eu" mais profundo...estava nu. Bem ali, diante de nós duas. E a essas alturas, ele já havia parado de tentar se encolher, em busca de alguma proteção. Estava entregue.

    Quando as perguntas cessaram, depois de derramar meus litros de lágrimas e de já ter meu rosto desfigurado de tanto chorar, fui gentilmente informada de que a intenção de tudo aquilo era justamente aquela: conhecer a minha essência. Fui aconselhada a fazer terapia para trabalhar melhor a organização das minhas "gavetas". Nos despedimos com um abraço terno, onde me senti completamente acolhida e segura.

    Voltando pra casa, enquanto ia andando pela rua, ainda chorando, eu me perguntava se minha essência era boa ou ruim. De qualquer forma, segui as instruções e me inscrevi pra fazer terapia. Começo no ano que vem e estou bastante feliz com a possibilidade dessa nova experiência. 

    Pouco tempo depois da chegada em casa, recebi uma ligação. Fui contratada. Alguém esteve diante da minha essência e não achou tão ruim assim... Desde então, minha alma segue iluminada e sorridente, como essa linda tarde de sábado... Estou Mega Feliz!!! :D




quinta-feira, 5 de novembro de 2015



                    A Minha Busca da Felicidade


       Certa vez, minha mãe me disse que não existe felicidade: apenas momentos felizes. Que a felicidade é uma ilusão, um sonho. Lembro bem dessa ocasião. Naquele momento, eu estava mudando minha vida drasticamente. Adivinhem...em busca da felicidade que ainda não tinha encontrado.
        Se a felicidade existia ou não, eu ainda tinha que descobrir. Mas a infelicidade...ah, essa eu conhecia de perto. Já havia concluído que a vida, de fato, não valia à pena. Mas um anjo passou por mim naqueles dias de luta. Ele conseguiu ler a minha alma. E as lágrimas que brotavam sem parar daqueles olhos, me fizeram recuar e acabaram por me convencer de que sempre há um novo caminho a seguir. Sim, um novo caminho. Minha decisão foi tomada ali, naquele instante. Se era pra viver, que fosse tentando ser feliz. 
             Tracei o caminho imaginário e segui sem hesitar. Não estava bem certa do que iria encontrar pela frente. Mas tinha absoluta certeza de que ficar estagnada onde me encontrava...jamais me faria feliz. 
        Quando decidi mudar meu destino, deixei pra trás muitas pessoas infelizes, insatisfeitas com a minha decisão. Pessoas que se importavam muito comigo, que queriam meu bem, mas que jamais conseguiram compreender o que ia de fato dentro de mim. Achavam que sabiam como eu me sentia quando, na verdade, tinham acesso apenas àquilo que eu deixava transparecer. Eis que aprendi mais uma lição: às vezes, precisamos escolher entre sermos felizes ou fazermos as outras pessoas felizes. Naquele momento, eu escolhi a mim. E não dei a absolutamente ninguém, o direito de me desviar do meu objetivo.
          Ainda que não fosse feliz no novo caminho escolhido, ao menos eu tentara sair daquilo que me fazia infeliz. Tive a coragem de recomeçar, praticamente do nada. O material, ficou pra trás. E confesso que jamais senti sequer uma pontinha de arrependimento por ter agido de tal forma. O que eu precisava, não era TER. Antes de tudo, eu precisava SER. 
            Sete anos se passaram. E durante esse tempo, vivi grandes conquistas e grandes derrotas. Estive entre sorrisos e lágrimas, entre amores e ódios, entre alegrias e desesperos... Fui passando cada vez mais tempo comigo mesma, tentando me conhecer melhor. As árduas batalhas foram me fazendo mais forte. E todas as vezes em que caí, tornei a levantar. Eu cresci. Amadureci. Evoluí meus pensamentos e meus sentimentos. Fosse como fosse, a vida valia à pena. Eu recomeçaria quantas vezes fossem necessárias, até o fim.
          Recentemente, me deparei com um daqueles momentos na vida em que, por mais que se queira algo com todas as forças do ser, e por mais que se lute com toda a garra que se tem...simplesmente não acontece. E quando é assim, já me convenci de que "não era pra ser". Nesses casos, não me resta nada além de jogar a toalha. E quando não havia nada mais que eu pudesse fazer... já era hora de recomeçar, mais uma vez.
       
           Acredito que cada indivíduo tem sua forma de ser feliz. Alguns precisam de uma rotina, de conforto, de uma casa boa pra viver, de um emprego estável, ou do carro do ano. Alguns só são felizes perto da família, enquanto outros preferem construir suas próprias famílias. Alguns se sentem plenos apenas vivendo de acordo com o que acreditam ser as escrituras divinas, enquanto outros simplesmente negam a existência de Deus. Há quem se realize através de seus filhos e há quem não os queira ter. E cada um tem a justificativa exata para escolher isto ou aquilo. Porque cada pessoa tem sua própria vivência, seus próprios valores e o direito de viver de acordo com eles.
          O mais difícil de tudo, em muitos casos, é aceitar a escolha do outro quando esta difere da nossa própria escolha. Isso porque muitos julgam ser correta apenas a sua forma de pensar. Como se a vida fosse uma prova de vestibular, onde só se pode marcar "a alternativa tal". Quaisquer divergências serão sumariamente consideradas erros. Daí que surge a intolerância, o preconceito e todas as formas de desrespeito que estamos tão acostumados a ver.
             Não sou uma pessoa ruim, apenas por não me enquadrar nos padrões da maioria. Tenho o direito de pensar e sentir diferente e, acima de tudo, a liberdade de agir de viver de acordo com os meus próprios valores. E não ajo desta ou daquela forma com o intuito de magoar alguém. Minhas ações tem a ver comigo, apenas. São as minhas escolhas. Tenho direito legítimo a elas.
           A minha plenitude está em desbravar o mundo e conhecer o novo. Novos lugares (mesmo que pareçam distantes), novos conhecimentos (mesmo que pareçam inúteis), novas vivências (mesmo que pareçam bobagens). Não há limites para a minha busca da felicidade. Por mais árduas que sejam as batalhas, fazem minha vida valer à pena. Sem elas, não há derrota, mas também não há vitória. Serei feliz... apenas enquanto me sentir viva.

                


domingo, 12 de abril de 2015

Amigos de Verdade, são pra sempre.




   
  O ser humano evolui, a cada dia. Já tive, desde as primeiras relações sociais da minha vida, pessoas cujas presença significavam muito pra mim. Eram imprescindíveis. Sentia falta delas. A cada fim de ano na escola, desde as séries iniciais, ficava arrasada a cada colega querido que trocava de turma ou de escola, e a cada professora que eu "perdia".
  Sofri muito quando, aos 11 anos de idade, mudei com minha família pra outra cidade. Tinha saudades dos meus antigos amigos, da minha antiga escola. Sofri, da mesma forma, quando voltamos a morar no mesmo endereço, um ano depois. Agora, sentia falta dos novos laços de amizade que criei durante aquele ano em que morei na nova cidade. Mais uma vez, precisei me adaptar. Mas o fato de estar longe, não diminuiu meu carinho, minha ternura, minha saudade. 
  Quem de nós, no decorrer da vida, já não teve vários "melhores amigos"? E por que deixaram de sê-lo? E por que nós deixamos de sê-lo? 
  Podemos ter tido, sim, falsos amigos. Certamente, todos os tivemos. E estes, nos favorecem ao se retirarem do nosso convívio. Porém, existem aquelas pessoas maravilhosas, de cuja confiança e apreço não temos dúvida alguma. E, no entanto, já não fazem parte do nosso convívio diário. Foram super importantes em nossas vidas ontem. Mas foram, aos poucos, sendo substituídas por novas pessoas. 
  Mas o que somos, então? Pessoas ingratas, que não sabem valorizar as verdadeiras amizades?
   Não. Somos seres humanos, em constante evolução. Seres que passam por mudanças de toda ordem, e precisam se adaptar. Mudança de escola, de trabalho, de cidade... Relacionamentos amorosos que se encerram e dão espaço a novos relacionamentos. São vários ciclos que se encerram, que se renovam, dos quais não podemos fugir.
  No decorrer da caminhada, muitos vão e vêm. O ciclo de amizades se amplia. Porém, nossos dias seguem tendo apenas vinte e quatro horas. Já não é possível conciliar as tantas novas pessoas com as tantas outras velhas pessoas das nossas vidas. Os contatos vão diminuindo, se perdendo. 
   Entretanto, isso não significa, em absoluto, que eu não tenha me dedicado e realmente amado todos os amigos de verdade que passaram pela minha vida. Cada um deles, de alguma forma, me fez evoluir em alguma coisa. Deixaram marcas em mim. E sei que deixei marcas em suas vidas também.
   Da mesma forma que amei cada um deles, sei que eles me amaram. Porque eu pude sentir o amor deles. Nós nos precisamos, nos ajudamos, choramos e sorrimos. Juntos. E foi de verdade. 
   Sinto saudades. Saudades de tempos que já se foram. De pessoas que não vejo mais. Mas que sou grata por terem passado pela minha vida. Por terem contribuído com meu crescimento.
   Hoje, um pouco mais experiente, consigo identificar momentos que são especiais, pessoas que são especiais. Então, vivo essas pessoas intensamente. Me dedico. Pois sei que o tempo passa e tudo muda. E isso, que me faz tão bem no hoje, um dia se torna uma lembrança distante.  E deixa saudades. Se eu também deixar saudades, significa que a recíproca foi verdadeira. 
   Quando percebo a distância chegando, já não me culpo como em outros tempos. Não questiono. Já posso compreender que a vida segue seus ciclos. Mudando. Evoluindo. Crescendo.
    Então, meus caros amigos, quando a distância se interpuser entre nós, não pensem que meu amor por vocês não foi sincero, ou que não tiveram real importância na minha vida. Tiveram, sim! E sou grata a cada um de vocês, por terem feito parte dessa imensa colcha de retalhos que é a minha existência.
   E amigo que é amigo, jamais deixa de sê-lo. Quem tiver maturidade para compreender as mudanças às quais a vida nos submete, quem conseguir transpor as dificuldades de se adaptar à distância e à saudade, sai ganhando. (Sometimes, when you lose, you win.) Pois quem foi amigo de verdade um dia, não importa quanto tempo se passe, sabe que pode contar com o outro. Afinal, amigos de verdade, são pra sempre.