sexta-feira, 4 de maio de 2012

Cuidado...Perigo!

    Sempre pensei que não fosse capaz de sentir ódio de alguém. A palavra, por si só, me parecia pesada demais. Negativa demais.
    Sempre me perguntei por qual motivo existiam os crimes passionais, principalmente aqueles cometidos por pessoas como eu, a quem todos que conhecem, consideram "calmas".
    Recentemente, descobri que sou capaz, sim, de odiar. Conheci os "porões da minha alma". Dentro do meu próprio submundo, nada de autocontrole. Nada de tomar as rédeas da situação. Eu não controlava nada. Era controlada. Pela raiva, pelo ódio, pela vontade de ferir, tão forte e tão fundo quanto tinham me ferido.
    Mas a minha ferida era no sentimento. Causada por pessoas sem sentimento. Então, diante da frieza humana, do sarcasmo, da ironia, da arrogância...que poderia eu fazer? Como poderia ferir aquelas pessoas?
    Eu precisava revidar. A ignorância no trato comigo, nada ajudou. Apenas contribui para que tudo ficasse ainda mais obscuro, e para que a vontade de ferir ficasse ainda maior... Com pouquíssimas adaptações de cenário, pessoas presentes, e uma ou outra palavra a mais, eu teria ferido. Fisicamente. Era essa a única maneira de ferir. Eu, uma pessoa totalmente contra a violência, diante de uma situação em que eu teria ferido alguém de morte.
    O raciocínio era pouco ou nenhum. O instinto de revidar, de acabar com aquela dor insuportável de estar sendo humilhada, era o quem dava as cartas. Não, não feri ninguém. Estive muito perto, confesso. Mas não feri.
    Ocorre que algumas pessoas, não tem a força que eu tive para me conter. E acabam ferindo. Matando. Foi aí que compreendi que o ser humando, apesar de considerado "racional", pode sim, em determinadas situações, simplesmente abdicar do dom do raciocínio, e agir inteiramente pelo instinto. Como o homem das cavernas, talvez.
    Qual lição tirei disso? Bom, algumas. A primeira, é que nem sempre uma pessoa que mata alguém pode ser considerada essencialmente má. Ela pode ter sido instigada a reagir a algo que a estivesse machucando profundamente. Como eu fui. E não sou uma pessoa essencialmente má. Cultivo o respeito ao próximo, a solidariedade, a lealdade. Não sou uma pessoa ruim e tenho absoluta consciêcia disso. porém, naquele instante de privação do meu senso crítico, eu teria tido sim, coragem para um ato que qualquer pessoa, em sã consciência, reprovaria.  É praticamente impossível julgar os atos de alguém, sem que se tenha o mínimo conhecimento de causa.
    A segunda, e não menos importante lição que aprendi: jamais provoque alguém que esteja com raiva. Cuidado! Ninguém conhece realmente do que o outro é capaz, até que todos os seus limites sejam postos à prova. Aconselho apaziguar. Transferir a discussão para um momento em que os ânimos estejam mais calmos. Caso contrário, você pode se surpreender. De uma forma nada positiva...com consequências, talvez, irreversíveis.

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