domingo, 19 de junho de 2011

Temos a vida inteira pela frente...

Chamou-me a atenção uma matéria publicada na Zero Hora do último dia 11 de junho. Trata-se da lista de últimos desejos que a jovem britânica Alice Pyne publicou em seu blog. Ela tem 15 anos de idade, e um câncer terminal para o qual já não há tratamento. Consciente de que já não lhe resta muito tempo de vida, decidiu tornar públicas as coisas que ainda tem vontade de fazer, enquanto ainda há tempo.

"...Você tem apenas uma vida...viva-a!", escreveu Alice em seu blog.

Quantos de nós tem sonhos a realizar e passa uma vida protelando o momento de ir em busca deles?


Quando tiver um tempo, vou brincar com meus filhos sem pressa...
Quando tiver tempo, vou doar as roupas que não uso mais pra campanha do agasalho...
Quando tiver um tempo, vou me tornar doador de sangue, de medula óssea...
Quando tiver uma casa e um carro, terei um filho...
Quando tiver dinheiro sobrando, farei aquela viagem...
Quando me sobrar tempo, darei um telefonema ou farei uma visita àquela pessoa importante...

São tantos "quandos"... Há uma necessidade enorme de se planejar tudo. Só que as pessoas costumam fazer seus planos contando com um tempo que talvez não tenham. Ninguém sabe quanto tempo ainda lhe resta para viver, a não ser as pessoas que se encontrem em situação semelhante à de Alice.

Não costumamos imaginar que podemos adoecer gravemente. Quando saímos de casa, não costumamos imaginar que podemos não voltar, seja pelo motivo que for. Isso porque não queremos que nada de ruim nos aconteça. E acreditamos que não vai acontecer. Com os outros, talvez. Mas nunca conosco.

Agimos como se o mundo cruel que nos apresentam nas notícias dos tele jornais, fosse o mundo vizinho. Não nos sentimos inseridos nele, nem ameaçados por ele. Porque nada de ruim vai nos acontecer. Estas coisas ruins, as doenças, a crueldade, a intolerância, a violência, as catástrofes ambientais que vemos na TV, não podem nos atingir. Pode acontecer com os outros, mas nunca conosco.

É comum nos sensibilizarmos com o sofrimento alheio. Nos faz refletir por um momento ou dois, que poderíamos ser úteis de alguma forma. Mas logo deixamos tais reflexões de lado, pois em nosso dia a dia, tão atribulado, apesar de termos vontade de ajudar, não encontramos tempo para a solidariedade. Um dia, vamos pensar nisso com mais calma e ver o que podemos fazer. Mas não hoje.

Já dizia o sábio poeta Renato Russo que "...é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã...". No fundo, todos nós sabemos disso. E concordamos com ele. E vamos fazer algo a respeito. Mas não hoje.

Cada um de nós tem seus próprios sonhos, como Alice. Alguns são fáceis de realizar, outros nem tanto. Mas todos os temos. E queremos realizá-los. Mas não hoje. Deixemos isso para o futuro. Porque somos jovens. Porque somos saudáveis. E porque temos a vida inteira pela frente...

Nenhum comentário: